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The Witcher: A Origem traduz universo da franquia e cativa mesmo sem Geralt

The Witcher: A Origem, aguardada produção derivada, é ambientada no mundo élfico 1.200 anos antes dos eventos que cercam Geralt de Rívia (Henry Cavill) em The Witcher. Prometendo desvendar mistérios da franquia original, o spin-off conta a história da luta sangrenta que levou à criação do primeiro protótipo de bruxo e a um conflito que resultou na Conjunção das Esferas, momento no qual os mundos dos monstros, dos humanos e dos elfos se tornaram um só. Já nos primeiros episódios — que chegam na Netflix em 25 de dezembro — A Origem deixa claro que cumpriu seu objetivo.

A produção destrincha o universo Witcher enquanto entretém através de sete protagonistas extremamente bem peculiares: Scian, a elfa do clã Fantasma (Michelle Yeoh), a mais sábia e experiente do grupo; Éile, dos Corvos (Sophia Brown), uma habilidosa e sorrateira elfa; Fjall, do clã dos Cães (Laurence O’Fuarain), o grandalhão de poucas palavras do grupo; o assassino Brother Death (Huw Novelli), um ex-criminoso em redenção; os irmãos celestiais Syndril e Zacaré (Zach Wyatt e Lizzie Annis), inteligentes, mas irresponsáveis; e a anão Meldof (Francesca Mills), atormentada pela morte da amada e grande alívio cômico da série. O grupo se encontra ao longo dos três primeiros episódios, e se une em um objetivo comum: destronar a imperatriz élfica que dizimou os clãs para governar o mundo.

Os episódios são narrados por uma personagem misteriosa, ferramenta eficiente da produção que contribui para uma experiência que convence do início ao fim. Lembrando uma aventura de RPG, a série divide seus sete personagens principais em habilidades e personalidades características, fazendo a história lembrar uma campanha clássica de jogos. Assim, cada um deles contribui de maneira diferente para a trama e a deixa mais apetitosa e satisfatória.

A introdução das histórias individuais desses protagonistas é um dos pontos fortes da minissérie. O hepteto convence sobre suas motivações e escolhas mesmo tomando decisões súbitas acompanhadas de rápidas mudanças de humor, como quando Éile e Fjall concordam em lutar juntos, ou no momento em que Meldof escolhe se unir aos outros seis mesmo os conhecendo a poucas horas. Nesse ponto, A Origem supera The Witcher, que sempre desliza com personagens de apoio e deposita apelo unicamente na presença de Henry Cavill como Geralt.

O épico, que parece beber de muitas fontes, caminha sem perder originalidade ou coesão, unindo batalhas incríveis a cenários de beleza exuberante. A série da Netflix mescla elementos de A Casa do Dragão, da HBO, como as intrigas palacianas, golpes de estado e amores proibidos, mas também investe em cenários extravagantes, diálogos de fôlego e contemplação, como Anéis de Poder, do Prime Video. Mesmo com influências diversas, A Origem nunca desprende da originalidade e o tom dos textos de Andrzej Sapkowski.

O derivado peca, no entanto, ao não se esforçar para traduzir o universo de Sapkowski para a parcela do público que nunca teve contato com a franquia. A dependência de conhecimento prévio não permite que a produção derivada alcance uma base de fãs de maneira independente — mesmo que ela seja mais oxigenada que a produção que a originou.

Ainda assim, a série cumpre bem o que se propõe: responde perguntas da série original — como a origem da Caçada Selvagem e dos Bruxos — deixa novas pistas para o terceiro ano de The Witcher e conta uma história do mesmo universo de maneira mais divertida e espontânea. Apesar de se limitar a uma única história (a Conjunção das Esferas), The Witcher: A Origem toca em muitas outras e indica um futuro promissor para a franquia, que em breve perderá o brilho de Cavill nas telas.

The Witcher: A Origem estreia em 25 de dezembro, na Netflix.